O número de mortos
contabilizados na violência ocorrida ontem na capital do Egito passou dos 600 e
familiares buscam parentes desaparecidos entre os corpos alojados em uma
mesquita. A condenação mundial ao massacre promovido pelos apoiadores do
presidente deposto, Mohammed Morsi, ampliou, incluindo a resposta severa do
presidente Barack Obama, que cancelou os exercícios militares conjuntos entre
os EUA e o Egito. Nesta quinta-feira, apoiadores de Morsi, invadiram e atearam
fogo em dois edifícios do governo local em Gizé, uma cidade perto do Cairo,
segundo uma emissora de televisão estatal. Repórteres da Associated Press viram
os prédios em chamas e imagens mostram os funcionários deixando o prédio em
meio a uma nuvem de fumaça.
A violência se espalhou
pelo país e Ministério de Interior orientou a polícia a usar munição real para
deter ataques a prédios do governo e instalações das forças de segurança
"O Ministério de Interior orientou todas as forças de segurança a usarem
munição real para deter qualquer ataque a prédios ou às forças do
governo", dizia uma nota divulgada pela pasta. A Irmandade Muçulmana,
tentando se agrupar após o ataque ao seus acampamentos e prisão de seu
principais líderes, convocou para esta sexta-feira uma marcha no Cairo. O grupo
afirmou que a marcha terá início na mesquita Al Iman e será um protesto
"pela morte de parentes". A manifestação é um desafio ao estado de
emergência e toque de recolher decretado ontem pelo governo.
O Ministério da Saúde
do Egito atualizou para 638 o número de pessoas mortas nos conflitos ocorridos
ontem entre policiais e simpatizantes do presidente deposto Mohammed Morsi. Um
porta-voz do ministério, Khaled el-Khateeb, informou também que o total de
feridos é de aproximadamente quatro mil. A onda de violência teve início quando
a polícia do Cairo tentou desfazer dois acampamentos de manifestantes a favor
de Morsi, que foi derrubado do poder em 3 de julho, e logo se espalhou para
outras partes da capital e outras cidades do país.
Segundo El-Khateeb, 288
pessoas foram mortas no maior dos dois campos, no distrito de Nasr City, na
área leste do Cairo.
O governo Obama pediu
um fim imediato da repressão militar no Egito e a retirada do estado de
emergência, em um endurecimento significativo da posição americana sobre o país
do norte da África. Os EUA resolveram abandonar os planos para realizar
exercícios militares com os egípcios que estavam previstos para começar em
aproximadamente um mês, disseram altos funcionários americanos.
No mês passado, o
Pentágono congelou um embarque de jatos de combate F-16 ao Egito, mas disse que
o exercício iria adiante como planejado. A mudança reflete as crescentes
preocupações sobre as medidas adotadas pelo poderoso chefe militar do Egito, o
general Abdel Fattah Al Sisi, contra os protestos da Irmandade Muçulmana, que
se tornaram sangrentos ontem.
Os EUA tinham se
recusado até agora a congelar aproximadamente US$ 1,3 bilhão em ajuda militar
aos generais do Egito. As autoridades dos EUA disseram que continuarão a
revisar a ajuda futura, levando em consideração as ações do Exército egípcio
que, se acredita, provocaram a morte de mais de 190 pessoas.
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