A Organização Mundial da Saúde (OMS) discute nesta segunda-feira o futuro das amostras de vírus de varíola, que Rússia e Estados Unidos querem preservar, enquanto outros defendem sua destruição. A questão a respeito da destruição dos últimos estoques oficiais do vírus mortal, mantidos em laboratórios americanos e russos, tem sido recorrente na OMS desde 1986.
Washington e Moscou querem que as amostras de vírus sejam mantidas por razões científicas, alegando que são necessárias para continuar as pesquisas sobre vacinas de forma a prevenir qualquer ressurgência da doença infecciosa, erradicada em 1979.
O temor, particularmente, é de que países possam ter mantido secretamente o vírus, a fim de utilizá-lo como arma biológica. Em um projeto de resolução apresentado esta segunda-feira aos 193 estados-membros da OMS, Rússia e Estados Unidos mais uma vez procuraram conservar as amostras, e queriam começar a discutir uma data possível para sua destruição só em cinco anos.
"Sentimos que não temos garantias suficientes sobre a eficiência e a preparação das vacinas", explicou o enviado russo. "A destruição será irreversível", acrescentou, destacando que é necessário "ser duas vezes mais prudente sobre um tema que diz respeito à segurança de toda a humanidade".
"Depois da pesquisa, podemos determinar a data", emendou. União Europeia, Canadá, Israel, Mônaco, Colômbia e China estão entre os países que apoiaram a medida. No entanto, cerca de 20 países, entre os quais nações norte-africanas, Irã, Tailândia, Zimbábue e Malásia são fortemente contrários à resolução, afirmando que a destruição imediata do vírus deveria ser determinada.
"Não há mais justificativa científica para manter estes vírus", afirmou um diplomata malaio. "Já se passaram 30 anos desde que nós decidimos manter os estoques", ressaltou um enviado iraniano. "Já é tempo de fixar uma data determinada (para erradicá-los)". Em meio à discórdia, a OMS decidiu criar um grupo de trabalho para esboçar um projeto de compromisso ainda esta segunda-feira.
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