Por enquanto, seu refúgio não parece ser grande coisa. Há apenas uma barraca, um gerador de energia, um balde onde faz suas necessidades, além de fios e painéis solares ainda não instalados. O acesso só é possível por uma estrada de terra, usando veículos com tração nas quatro rodas.
"Ninguém conhece aqui. E dá para ir nadando ou de caiaque até o Canadá se a situação exigir", diz ele sobre os motivos que o levaram a escolher a região para montar seu abrigo, listando em seguida outras vantagens:
"Clima ideal, uma grande comunidade, produção de alimentos autossustentável, e consigo defendê-lo caso as coisas saiam dos trilhos por um tempo."
Martínez deixa claro que será capaz de fazer isso ao atirar com uma AR-15 contra latas e garrafas de plástico que fazem as vezes de alvos improvisados à distância - e acertar todos eles.
"Há 300 milhões de armas nos Estados Unidos, uma para cada homem, mulher e criança, e a maioria delas estão nas mãos das pessoas que perderão seus empregos", afirma.
"Garanto a você que munição será a moeda corrente desse novo mundo."
Ele não é o único a prever o desaparecimento em massa de muitos postos de trabalho. O pesquisador Carl Frey, da Universidade de Oxford, acredita no mesmo.
Ele estima que 35% dos empregos no Reino Unido corram risco de desaparecer nos próximos 20 anos com a criação de robôs capazes de realizar as mesmas funções. Esse índice é ainda maior nos Estados Unidos, onde chega a 47% - e ultrapassa 50% em países em desenvolvimento.
Por isso, o americano garante que outros no Vale do Silício estão tomando as mesmas precauções.
"Eles têm suas próprias estradas, compram terrenos, têm um monte de armas, poços artesianos e tudo mais. É algo como o que tenho, talvez menos rústico, menos hippie, mas bem parecido."
Dívida
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Local no meio da floresta ainda tem poucas instalações, como esta barraca (Foto: BBC) |
De fato, Reid Hoffman, cofundador da rede social LinkedIn, estimou em uma entrevista à revista The New Yorker que cerca de metade dos bilionários da região têm algum tipo de "seguro contra o apocalipse".
Mas e quanto ao restante das pessoas que não têm uma fortuna para investir em refúgios assim? Martínez garante não se preocupar com isso: "A vida é curta, e nós morremos sozinhos."
Ele afirma que sua maior contribuição é divulgar sua previsão e contar sobre seus preparativos. "A única dívida que nós profissionais da tecnologia temos é essa. Poucas pessoas estão falando sobre isso e informando o público em geral", diz.
"A tecnologia vai acabar com empregos e abalar economias antes mesmo que a gente seja capaz de reagir, e deveríamos estar pensando sobre isso."
G1